
Nubank e bancos em 2025, entenda: licenças, segurança e a decisão do Banco Central que obriga fintechs a buscar licença de banco múltiplo
Como a combinação de Instituição de Pagamento, SCFI e corretora permite ao Nubank competir com bancos múltiplos, e por que a regra de novembro de 2025 muda a nomenclatura
O debate sobre o status do Nubank voltou aos holofotes em 2025, depois de uma nova regra do regulador que exige clareza na nomenclatura das instituições financeiras.
Para entender o que muda, é preciso olhar para as licenças que sustentam a operação da fintech, e para as diferenças entre modelos regulatórios.
Nesta reportagem, explicamos quais autorizações o Nubank tem hoje, o que elas permitem ao cliente, e como a decisão do regulador acelera a busca por uma licença completa,
conforme informação divulgada pelo Seu Crédito Digital.
O que mudou em novembro de 2025
Uma resolução publicada em 27 de novembro de 2025 pelo Conselho Monetário Nacional, por meio do Banco Central, proibiu que instituições sem licença de banco múltiplo usem a palavra “banco” em suas marcas ou comunicações.
A regra definiu prazos para adequação, com 120 dias para apresentar um plano e até doze meses para implementação total das alterações, e tem como objetivo reduzir ambiguidades para o consumidor.
Como o Nubank opera hoje, com licenças segmentadas
Ao contrário dos tradicionais “bancos múltiplos”, o Nubank se sustentou por licenças específicas que, em conjunto, reproduzem boa parte dos serviços bancários.
Essas autorizações incluem a Instituição de Pagamento (IP), que viabiliza contas de pagamento, Pix, boletos e débito, a Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI), que permite a oferta de crédito e cartões, e licenças para atuação como corretora de títulos e valores.
A lógica da segmentação é distribuir atividades e riscos entre autorizações com regras de capital e compliance próprias, em vez de concentrar tudo em uma única instituição regulada como banco múltiplo.
O que o cliente precisa saber sobre segurança e riscos
Uma diferença importante é que a licença de Instituição de Pagamento (IP) exige que o dinheiro depositado em contas de pagamento seja segregado do patrimônio da empresa.
Essa separação oferece uma camada de proteção, pois preserva os fundos dos clientes em caso de dificuldades da instituição, e contribui para a sensação de segurança entre os usuários.
Mesmo assim, bancos múltiplos têm regras de capital mais amplas, alinhadas às exigências de Basileia, porque assumem responsabilidades sistêmicas maiores, como operações de câmbio e gestão de reservas.
O regulador deixou claro que a mudança de nomenclatura não altera a proteção dos serviços, e destacou que há “impacto zero no cliente final” quanto ao funcionamento do Pix, validade dos cartões e proteção dos depósitos.
O caminho do Nubank rumo à licença completa
Em resposta à determinação do regulador, o Nubank anunciou no dia 3 de dezembro de 2025 sua intenção formal de buscar a obtenção de uma licença bancária completa no Brasil.
Com a licença de banco múltiplo, a fintech poderia manter sua marca sem necessidade de mudanças na nomenclatura, mas também teria de assumir obrigações regulatórias mais amplas e requisitos de capital mais rigorosos.
Para a empresa, a medida representa a convergência entre a agilidade tecnológica típica das fintechs e a solidez regulatória dos bancos, um movimento que reflete a maturidade do setor no país.
Tecnologia, diferenciais e o futuro dos bancos
Mesmo que se torne um banco múltiplo, o Nubank mantém como principal vantagem a sua plataforma digital, a experiência do usuário e a cultura de inovação.
A licença completa coloca a fintech em igualdade regulatória com os bancos tradicionais, mas o diferencial competitivo continuará sendo a tecnologia, a simplificação de processos e a oferta integrada de produtos de pagamento, crédito e investimento.
O resultado provável é uma maior clareza ao consumidor sobre o que cada instituição pode oferecer, e uma competição mais direta entre bancos e fintechs pelo serviço financeiro completo.
Em resumo, a exigência do Banco Central redesenha a forma como as instituições se apresentam, ao mesmo tempo em que preserva a proteção dos clientes, e empurra o mercado para uma nova etapa, onde inovação e regulação caminham juntas.




