
Tesouro rejeita juros para empréstimo dos Correios
Tesouro recusa aval a empréstimo de R$ 20 bilhões por juros de 136% do CDI, exige renegociação para até 120% do CDI, enquanto Correios acumulam prejuízo de R$ 6 bilhões
O Tesouro Nacional negou o aval para um empréstimo de R$ 20 bilhões negociado pelos Correios, por considerar os juros apresentados excessivos.
A taxa em discussão foi de 136% do CDI, e o Tesouro sinalizou que aceitaria um teto de até 120% do CDI, percentual visto como compatível com a garantia federal.
O pedido dos Correios e a recusa do Tesouro ocorrem em um momento grave para a estatal, que registra um prejuízo acumulado de R$ 6 bilhões até setembro, e precisa recompor seu caixa com urgência, conforme informação divulgada pelo Seu Crédito Digital.
Por que o Tesouro contestou os juros
A principal razão apresentada pelo Tesouro foi o custo da operação, em especial em função da presença da União como garantidora do empréstimo.
Com a garantia federal, o risco de calote para os bancos é considerado praticamente eliminado, e, por isso, o governo entendeu que uma taxa de 136% do CDI era desalinhada com operações semelhantes.
Fontes da equipe econômica apontaram que um patamar próximo a 120% do CDI seria aceitável, e que os termos precisariam ser revistos antes de qualquer aval formal, conforme a reunião realizada no Ministério da Fazenda.
Impacto dos juros sobre o custo do crédito
O custo final do empréstimo varia conforme o CDI e a Selic, atualmente citada no processo como estando em 15%.
Com a Selic a 15%, um acordo a 136% do CDI representa uma taxa efetiva de aproximadamente 20,4% ao ano, enquanto a redução para 120% do CDI leva a taxa efetiva para cerca de 18% ao ano, valores trazidos pela equipe econômica na negociação.
O contrato foi estruturado para ser quitado em 15 anos, o que aumenta o impacto de pequenas diferenças percentuais sobre o montante total pago ao longo do tempo.
Por que os Correios precisam do empréstimo
Os Correios enfrentam uma deterioração financeira recente, com prejuízo acumulado de R$ 6 bilhões até setembro, segundo os dados apresentados na negociação.
A área financeira da estatal informa que precisa de pelo menos R$ 10 bilhões ainda em dezembro para garantir o funcionamento em 2025, e que os outros R$ 10 bilhões seriam liberados em 2026, possivelmente em duas parcelas de R$ 5 bilhões.
Diretoria e consórcio de bancos já retornaram às negociações, pressionados pela urgência do caixa, e tratam o crédito como uma tábua de salvação para manter operações básicas e implementar o plano de reestruturação.
Pressão de órgãos de controle e próximos passos
A divulgação da taxa negociada chamou atenção do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, que alertou para possíveis irregularidades e riscos ao erário.
O TCU acompanha operações desse porte e pode intensificar a análise caso a renegociação não apresente condições favoráveis para a União.
Na prática, os bancos deverão apresentar nova proposta com juros menores, e os Correios buscam concluir a renegociação ainda neste mês, diante do prazo apertado para suprir suas contas.
| Cenário | Percentual do CDI | Taxa efetiva anual aproximada |
|---|---|---|
| Proposta inicial | 136% do CDI | ~20,4% ao ano |
| Teto sugerido pelo Tesouro | 120% do CDI | ~18% ao ano |
Mesmo diferenças aparentemente pequenas nas taxas, ao longo de 15 anos, representam uma economia bilionária para o caixa da estatal, conforme análise econômica apresentada na negociação.
Perguntas e respostas
1. Por que o aval do Tesouro é decisivo?, A garantia da União reduz praticamente a zero o risco para os bancos, sem esse aval não há formalização da operação, e o Tesouro passa a avaliar a compatibilidade dos custos com o interesse público.
2. Qual o valor solicitado no empréstimo?, O montante em negociação é de R$ 20 bilhões, dividido em parcelas para 2025 e 2026 conforme relatos da direção da estatal.
3. Quanto os Correios precisam imediatamente?, Internamente, a empresa aponta que precisa de pelo menos R$ 10 bilhões ainda em dezembro para garantir o funcionamento de 2025.
4. O que significa 136% do CDI na prática?, Com a Selic citada em 15%, isso corresponderia a uma taxa efetiva aproximada de 20,4% ao ano, valor usado pela equipe econômica para justificar a recusa inicial.
5. Quais são os riscos se não houver acordo?, Sem aporte ou crédito novo, a implementação do plano de reestruturação fica comprometida, e a estatal pode enfrentar dificuldades para manter operações básicas, com impactos financeiros e sociais.
Reportagem baseada em informações e dados divulgados pelo Seu Crédito Digital, incluindo a cobertura de Juliana Peixoto, com última atualização em 04/12/2025.




