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FGC e o rombo do Master, até quanto do Fundo pode acabar, impacto de R$ 48 bilhões, uso de 30% das reservas e riscos para bancos e investidores

Entenda como o uso de cerca de 30% das reservas do FGC, estimadas em R$ 122 bilhões, poderia ser acionado para cobrir até R$ 48 bilhões relacionados à liquidação do conglomerado Master, e o que muda para o sistema financeiro

A crise do conglomerado Master colocou o Fundo Garantidor de Créditos, FGC, no centro de um dos maiores testes desde a sua criação.

O montante que pode ser acionado, os prazos de pagamento e a forma como as instituições financeiras responderão à pressão são dúvidas que marcam o momento.

Nas próximas seções explicamos, em linguagem acessível, quanto do FGC pode ser comprometido, como os pagamentos devem ocorrer, e quais mudanças o episódio pode provocar no modelo de garantias.

conforme informação divulgada pelo portal Seu Crédito Digital.

Quanto o FGC pode pagar e qual é a dimensão do rombo

O presidente do FGC informou que o valor total envolvido pode chegar a R$ 48 bilhões, um montante que supera estimativas iniciais e que já preocupa o mercado.

A projeção anterior, de acordo com fontes que trataram do processo, apontava para R$ 41 bilhões, sem considerar todas as empresas do conglomerado em regime especial.

Com a inclusão de outras unidades que podem ser liquidadas, o cálculo final pode aumentar em mais R$ 6 a 7 bilhões, reforçando o caráter progressivo do impacto.

O FGC tem hoje reservas estimadas em R$ 122 bilhões, e, segundo a própria instituição, cerca de 30% das reservas atuais seriam utilizadas para cumprir obrigações com os credores do Master.

Na prática, isso significa que o fundo poderia dispor de um volume substancial para ressarcimentos imediatos, sem, segundo a autarquia, comprometer sua continuidade operacional.

Quem recebe, prazos e limites operacionais

O processo de ressarcimento depende, em primeiro lugar, da consolidação dos dados pelo liquidante nomeado pelo Banco Central, que precisa estruturar a lista oficial de credores.

Historicamente, o repasse de dados ao FGC pode levar até 30 dias, segundo o relato da instituição sobre procedimentos anteriores.

Uma vez recebida a base consolidada, os pagamentos começam dentro de dois dias úteis, etapa considerada rápida diante da complexidade do processo.

Para reduzir riscos de fraude, os ressarcimentos serão efetuados apenas para contas vinculadas ao mesmo CPF ou CNPJ do investidor, e, ao contrário do que foi especulado, o sistema não irá operar via Pix, utilizando uma estrutura semelhante ao TED para transferências de grande valor.

O FGC calcula que o número de credores elegíveis neste caso pode chegar a 1,6 milhão, o que explica a necessidade de um processo organizado e controlado.

Por que o episódio do Master acende alertas sobre governança e supervisão

A liquidação extrajudicial de empresas do conglomerado trouxe à tona questões sobre práticas de gestão, exposição a riscos e falhas apontadas em auditorias do Banco Central.

O caso incluiu o ingresso do Banco Master Múltiplo em regime especial de administração e acompanhamento, RAET, mecanismo utilizado quando há risco sistêmico ou deterioração iminente da instituição.

Especialistas avaliam que esse conjunto de fatores, somado à dimensão financeira, pode servir como catalisador para mudanças regulatórias no modelo de garantias e supervisão do sistema.

O FGC já enfrentou cenários complexos no passado, e a própria instituição lembra que situações como a liquidação do Bamerindus nos anos 1990 tiveram desfechos diferentes, pois à época não havia reservas robustas e o fundo recorreu a empréstimos do Banco Central.

Hoje, com estrutura e volume muito diferentes, o órgão afirma que a crise do Master será administrada com base em mecanismos mais modernos e reservas maiores, e que esse episódio pode impulsionar debates sobre revisão de aportes e parâmetros de contribuição dos bancos.

Impacto para bancos, contribuintes e o mercado

Como todos os bancos contribuem para o FGC, há atenção redobrada sobre o possível efeito indireto da liquidação do Master nas instituições que financiam o fundo.

Apesar da avaliação oficial de que a situação é administrável, alguns analistas alertam para a necessidade de acompanhar a evolução das reservas, a ocorrência de outras liquidações simultâneas e eventuais necessidades de aporte adicional.

Para os investidores, a crise gera ansiedade, especialmente para quem tem recursos aplicados em CDBs, LCs e RDBs garantidos pelo FGC, porque o calendário de pagamentos depende de etapas administrativas e da qualidade dos arquivos entregues pelo liquidante.

O desempenho operacional do FGC neste episódio será observado como termômetro de confiança, com potencial para afetar a percepção sobre segurança de depósitos e títulos bancários no curto e médio prazos.

O que pode mudar depois dos ressarcimentos

Segundo o próprio fundo, o foco imediato é operacional, garantir pagamentos rápidos e eficientes, e só após a conclusão da fase prática iniciar discussões estruturais.

Qualquer proposta de alteração no método de contribuição dos bancos ao FGC deve ser debatida com a indústria financeira, o Banco Central e, se necessário, com o Conselho Monetário Nacional.

Especialistas indicam que ajustes são possíveis, por exemplo, na base de cálculo das contribuições ou em mecanismos de capitalização, porém decisões desse tipo dependem de levantamento completo dos impactos causados pela liquidação do Master.

Enquanto isso, a transparência e a velocidade na divulgação de informações pelo liquidante e pelos órgãos reguladores serão essenciais para reduzir a incerteza e evitar efeitos colaterais ao sistema.

O episódio do Master deve, portanto, servir como lição sobre a importância da supervisão financeira, e sobre a necessidade de modelos de garantia suficientemente robustos para enfrentar crises de grande amplitude.

Em resumo, o FGC tem capacidade para cobrir uma fatia relevante do rombo, com uso estimado de cerca de 30% das reservas, e o processo de pagamento será rápido após a entrega dos dados, mas o evento pode desencadear discussões sobre mudanças no arranjo atual de garantias, com impactos para bancos e investidores.

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